Autores diferenciam os períodos da humanidade a partir das mudanças nas características centrais de modo de produção dominante e nos grandes ciclos econômicos. Assim, num primeiro e longo momento da humanidade, que perdurou até aproximadamente meados do século XVIII, o trabalho prioritário dos homens para a sustentação da vida baseou-se na agricultura para subsistência.
Os homens plantavam e colhiam os alimentos, sem necessitar de tecnologias e de instrumentos sofisticados. Desse modo, logo que era iniciado no trabalho agrário, um jovem rapidamente dominava o modo de realizá-lo sem necessidade de estudos formais. Nesse período, possuir grande quantidade de terra era um indicador de riqueza e de poder de uns sobre os outros.
O segundo momento da humanidade com relação ao modo de produção inicia-se com a Revolução Industrial, com um desenvolvimento surpreendente a partir do século XVIII, com o descobrimento das leis da eletricidade. O trabalho industrial liberta-se das leis cíclicas da natureza e passa a depender do tempo linear do relógio. Dia e noite são igualmente tempo de trabalho. Por outro lado, o domínio das máquinas demanda maior tempo de aprendizagem por parte do trabalhador, assim com reciclagens constantes para acompanhar as transformações que ocorrem regularmente na sua constituição e tecnologia. A lógica da produção em série divide as várias fases de construção de um produto, cada trabalhador tornando-se mais e mais especializado, muitas vezes sem dominar ou mesmo conhecer todo o ciclo dessa produção. O capital, assim como o lucro que gera a partir da mais valia obtida com a compra do trabalho dos operários, é o fator principal da produção. Como as fábricas precisavam de mão de obra qualificada, ampliar as escolas para as classes mais baixas ia de encontro com essa necessidade, com ensino voltado mais para a formação de técnicos.
O terceiro momento da humanidade relativo ao modo de produção inicia-se na segunda metade do século XX, com base sobre tudo nas mudanças profundas e constantes que ocorrem na tecnologia e nos meios de comunicação. As informações acumulam-se e se modificam de maneira rápida e constante, exigindo de um trabalhador reciclagem contínua e domínio de conhecimentos tanto específicos quanto gerais. Tendo em vista a facilidade de comunicação, outra característica desse modo de produção é que em muitos casos o local de tralho não necessita ser o mesmo para todos os empregados de uma empresa.
Ao longo do tempo estamos assimilando, transformando criando e recriando a partir da herança cultural recebida. A educação sempre teve e sempre terá um papel fundamental nessas transformações e é através dela que o conhecimento é passado em forma de aprendizagem.
Edson Fávero – diretor de escola aposentado e professor da FUNDEC.